sábado, 29 de dezembro de 2012

Diário de Viagem - Retrospectiva 2012.


"Certo. A gente só percebe que cresce depois que olha pra trás.
Vira assim, de cantinho, como quem não quer voltar, mas se delicia com as lembranças boas que veem à tona. E quando voltam aqueles momentos que não foram tão bons assim, conseguimos sorrir ao lembrar que agora são um pouco mais que águas passadas... porque apesar de distantes, eles nos acrescentaram, e muito.
Mas a gente também entende melhor as coisas quando olha para os lados.
Quando nota que nessa vida não se pode ficar bem sozinho. Bons mesmo são aqueles sorrisos que nasceram para ser compartilhados, e divulgados em alto e bom tom. Bom mesmo é sentir as marcas das horas dispensadas em situações bobas e não planejadas, que refrescam a mente e alegram o coração. Bom mesmo é ganhar e renovar amizades, fazer florescer amores e sentir que foi capaz de marcar a vida de alguém.
Até que enfim olhamos pra cima, e lembramos a partir de onde tudo aconteceu.
E então aquela gratidão gostosa nasce no peito e toda uma vontade incontrolável de sorrir ao se lembrar do quanto somos bem aventurados em ter, talvez não tudo que se queira, mas tudo o que é preciso. Bem aventurados em ser e crescer sendo quem somos. Em olhar pra dentro de si e encontrar alguém que nos agrade.

2012 foi um ano de redescobertas, e as águas do rio já não são as mesmas da visita anterior. E é isso o que mais nos enriquece.
Porque datas são mera burocracia de calendário... Mas quem somos permanece e se perpetua."




Chega aquela hora em que a gente faz a viagem de volta pra fazer lembrar o que o antigo ano novo nos trouxe. E dessa vez minha história veio mais recheada de bons sorrisos. Vai ser bom voltar.

2012 foi um ano engraçado, sabe.
Conheci, descobri, reafirmei, desconstruí e amadureci. Tudo ao seu tempo, de uma vez só e de forma muito evidente. Fica complicado resumir tudo assim, mas eu preciso tentar.

Porque esse ano finalmente me confirmei como profissional. Ok, ainda não sou A PROFISSIONAL... mas que fique registrado que desde 2 de Maio desse ano eu dei o meu primeiro passo. Foi e tem sido muito, muito especial. Aprendi o que é ser contadora e sim, me apaixonei. Dei adeus às inseguranças e sigo firme no curso que, cada dia mais, tenho a confirmação de que foi o que o Senhor já tinha preparado pra mim. Porque continuo feliz naquela faculdade, ainda mais próxima dos meus colegas/família e encontrando ainda outras pessoas especiais por lá. Há, não dá pra esquecer a FTC MESMO. kkkkkkkkk' Fiz até a minha primeira final... mas eu não preciso me lembrar disso.

Ah... eu conheci pessoas maravilhosas. Esse blog que o diga. Porque graças a eles as coisas aqui acabaram mudando também. Amigos novos, que saíram eu até hoje não sei de onde, e que fizeram o meu ano infinitamente mais delicioso (Nossa! Mesmo com tudo, teria sido um saco sem vocês!). Amigos que pegaram a fila da distribuição de talentos no mínimos umas 189 vezes e que me ensinaram a ver até as coisas que eu faço de um jeito diferente. Ninguém ainda conseguiu me convencer a cantar (Raisa bem que tenta), mas tomei mais tento das loucuras que escrevo. As pessoas gostam! E eu, mesmo sem entender, fico feliz com isso! Então, meu queridíssimo blog também teve um papel importante.
Aproveito para declarar todo o meu amor aos meus bons e velhos amigos... esses que deixam os anos passar, mas não permitem que nosso amor se modifique (bem, talvez cresça um cado a cada vez). Amo, amo muito todos eles. E como amo...

E na parte da desconstrução, sigo por aí. Quebrei muita cabeça pra chegar num estágio que eu sei que ainda não é o final, mas é um começo. Minhas manias xiítas ficaram para trás, ou pelo menos 85% delas. Mas ainda penso no que os outros vão dizer e ainda sinto a maldita mania de perseguição. Pelo menos sou consciente... espero que isso acabe logo. 
Durante todo o processo pensei em tanta coisa... desde absurdos à coisas que guardo comigo até agora.
Senti sentimentos novos, antigos, e até mesmos alguns que nunca deixei de sentir, mas que se intensificaram, se tornaram diferentes.

Comecei a prestar atenção nos olhares e voltei a desconfiar enquanto sustento a cara de desentendida.
E ainda assim tive que aprender a crescer. O grande problema com essa parte é que é o tipo de coisa que só se percebe realmente depois de algum tempo, quando você se toca que finalmente aconteceu. Então sabe Deus em qual retrospectiva eu vou poder dizer alguma coisa do tipo... Só que ao mesmo tempo insisto em querer alguma coisa desse jeito bobo/desentendido meu permaneça. Não sou como os outros e não espero acabar me tornando. Então, desculpa sociedade!

Vamo parar de falar bobagem.
Esse ano também foi tempo de novidade... Igreja nova (literalmente) e novos desafios! Foi interessante acompanhar essa nova fase do ministério dos meus pais. E ainda sendo tudo mais complicado, cheio de novidades e desafios, tem sido TÃO BOM respirar um ar novo! Porque Deus sabe o que eu passava ao entrar numa... tá, deixa pra lá. Tem sido ótimo, é o que importa.

Esse ano houveram menos crises, graças a Deus. Em compensação, alguma coisa como uma fobia estranha... Mas no fim, quando chega a hora da apuração dos dados e do fechamento do balanço, o meu coração super confirma o saldo positivo.

2012 termina chato pra mim (queria estar na estrada), mas se concretiza muito lindamente.
Porque não, o mundo não acabou. E eu estou feliz.

E se esse é o só o começo... que venha 2013! :) 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Óculos Sutil


Foi quando se olharam nos olhos que a menina caiu em si e esboçou aquele sorriso.
Provavelmente pela primeira vez em muito tempo ela havia visto a si mesma por um segundo. E a cegueira se guardou para os detalhes desinteressantes. Porque por fora não havia nada em comum.
O jeito, o corpo, a face, o mimo, o vocabulário, a cultura em nada se batiam. E até mesmo o nada que poderia ser compartilhado era de fato real. Após algumas palavras trocadas e depois de muito silêncio recíproco, os dois se olharam e se entenderam.

Ele viu todo aquele encantamento de quem, apesar de não sugerir aos primeiros sentidos, estava passiva a machucar e a fazer sofrer qualquer pessoa que por um instante negasse o poder que ela tinha. Tão pequena, tão jovem e tão linda... tão determinada e confiante. Suas certezas pareciam irresistíveis. O fogo nos olhos mostrava que não havia meio termo. Que fosse pago o preço que fosse para mostrar (e reafirmar) o que era e quem era. Ou, no mínimo, quem gostaria de ser.

Ela viu o mesmo moleque que nunca havia deixado de ser. Aquele que sempre pareceu ser o seu maior defeito de repente tomou forma de uma agradável qualidade. E todo esse astral positivo, de quem só quer dar qualquer sentido para a vida, o envolvia de forma descompromissada e ao mesmo tempo séria. Porque enfim entendeu que ele não seria capaz de querer o mal de alguém, principalmente de alguma mulher. Mas se havia alguma chance, alguma oportunidade de sorrir e fazer sorrir outro alguém, então porque não?! E todos sabíamos o quanto parecia bobo, mas lá no fundo o cara convicto era apenas um rapaz ingênuo. Não puro, mas ingênuo. Um pouco tolo, talvez. Mas não haveria lição difícil que a vida lhe ensinasse. Ele aprenderia rápido, as penas não seriam tão duras assim.

Se encantaram. Sorriram e esperaram.
E aquele adeus pequeno, curto, mas convicto    daquele jeito que só faz quem já está de bem    floresceu em cima do túmulo de mais um relacionamento. Partiram como bons amigos que eram e que sempre foram. Mantiveram as lembranças boas antes que as ruins contaminassem o que poderia ser aproveitado. E facilitaram a vida um do outro.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
Cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez, ou sem sentido)
Para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
Novo
Até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
Novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber 'champanha' ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas,
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Lições Sonoras - Feeling Good (Nina Simone)



Pássaros voando alto, você sabe como me sinto
Sol no céu,você sabe como me sinto
Briza passando,você sabe como me sinto
É um novo amanhecer
É um novo dia
É uma nova vida
Pra mim...
E estou me sentindo bem

Peixe no mar, você sabe como me sinto
Rio correndo livre, você sabe como me sinto
Florescer na árvore,você sabe como me sinto
Libélula ao Sol,você sabe o que eu quero dizer, não sabe?
Borboletas se divertindo, você sabe o que eu quero dizer
Adormecer em paz ao fim do dia
Isso que eu quero dizer!

E este velho mundo é um novo mundo
E um corajoso mundo
Pra mim

Estrelas quando brilham, você sabe como me sinto
Aroma do pinheiro, você sabe como me sinto
Oh a liberdade é minha
E eu sei como me sinto



OBS: Mas até a letra é coisa de diva... kkk' Essa música altamente na minha cabeça. Graças à Carly! *-*

domingo, 16 de dezembro de 2012

Meus meninos.

De todas as coisas, momentos e pessoas pelos quais passei, não posso me esquecer seriamente daqueles que me transformaram nessa tragédia romana que me tornei (eu tenho que rir enquanto escrevo). Não, não é uma verdade literal, mas ainda assim uma verdade. Lembro muito pouco da minha vida antes de conhecê-los      isso acontece de vez em quando em relação a algumas pessoas      mas tenho quase certeza que antes era alguma coisa parecida com "menininha boba, fofa e carinhosa que amava a tudo e a todos sem exceção". 
Bom, é claro que as coisas não mudaram tanto assim. Mas mudaram.
Lembro do dia em que entrei na sala de aula (porque eu não tinha dinheiro pro lanche e não tinha colegas/amigos dispostos a dividir alguma coisa comigo) achando que ficaria melhor sozinha. Ao ver o carinha esquisito sentado na minha cadeira, tive certeza de que não seria possível. Sem fazer questão do lugar ou de encrenca, peguei minha bolsa e sentei em outro lugar, tudo em silêncio. Foi então que o infeliz se levantou, rindo, e sentou do meu lado "Tem problema você pegar um lanche pra mim na cantina?". Eu devia mesmo ter cara de idiota. Eu até pensei em fazer alguma careta, mas eu já disse que era bobinha demais. Sorri e perguntei o porquê. "Estou esperando alguém, não posso sair" e enquanto respondia, me passava uma nota de R$10. Não questionei o valor alto, ele não devia ter troco. Eu era a única pobre da sala, de qualquer forma. Perguntei o que queria, fui até a cantina e voltei, com o lanche e com o troco. E, adivinhem, só tinha o infeliz na sala. Fiquei com raiva, mas engoli o sapo. 
"Cadê o seu? Não deu tempo de engolir tudo, não é possível!"
"Meu o quê?"
"Eu te dei R$10. Dava pra você e pra mim!"
"Mas você não disse nada"
"Não achei que precisasse..."
"Desculpa, eu não ia pegar seu dinheiro assim."
"Tá, mas o troco é seu."
Eu aceitando dinheiro de estranhos? Definitivamente ele era estranho. E o pior é que todos na sala achavam que a gente se parecia (até hoje devem pensar que a gente armava pra dizer que não eramos irmãos de verdade). E, no fim das contas, ele voltou a falar comigo no dia seguinte. E no outro. E no outro.
Dias depois as coisas em comum apareceram, as diferenças ainda mais. A revolta por saber que eu só ouvia Oficina G3 e o prazer em me mostrar o som pesado que curtia. E eu curti também. Pouco tempo depois nos tornamos num pequeno bando, e eu era a única garota. A garota que ganhou na escola a fama de "sapatão" e ao mesmo tempo de "periguete", e que no fim das contas era só a "doidona" mesmo.
E ao longo de alguns meses, me permiti todas as traquinagens sadias que nunca tinha feito na vida! Tirar onda da inspetora, ouvir música alta nos intervalos, fazer piada dos outros, arranjar "namoradas" pros amigos, fazer apostas bobas e ganhar sempre, falta uma aula ou outra pra assistir algum lançamento no cinema. E eles me ensinaram a tirar proveito da carinha de boba, a me defender me fazendo de desentendida, a rir dos meninos, a nunca acreditar que é verdade, e a fazer de tudo pra ser superior aos meros sentimentos ("não a todos, só aos meros!"). De tudo muito pouco se aproveita, é verdade, mas no meio da bagunça, aprendi a chorar de rir, a ser espontaneamente engraçada do jeito mais bobo, e a ser uma amiga melhor... ou pelo menos uma amiga qualquer. Porque eles foram minha primeira referencia de amizade. E foram eles que me transformam em muito do que sou hoje, com as qualidades e os muitos defeitos.

Meus meninos. Esses que me divirto em fingir não conhecer (mas eu já to enjoando dessa brincadeira) e que  estão sempre disponíveis quando preciso de alguma zoação extra.

Eu não me lembro de ter dito alguma vez. Mas, é, eu amo vocês. 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Sem indireta, para endireitar - Por Ruleandson do Carmo





Digite aqui uma indireta para alguém.

Poderia ser a frase de abertura de qualquer atual site de redes sociais. Mas mais do que isso poderia ser a frase que a gente anda colocando como a principal no manual de instruções do que devemos estampar no coração da gente. Estamos lotando nossas falas, textos, fotos e pensamentos de indiretas. É como se a nossa vida virasse uma metáfora para o que sentimentos e por medo e covardia a gente calasse a verdade. Se o amor hoje em dia pudesse ser classificado em uma Era, seria a Era da Indireta. Talvez a Era da Paranóia (o que vão pensar do que eu falar?/será que falaram isso para mim?). É um tempo de amores que terminam antes de começar, porque o outro não nos dá a chance de conhecer quem realmente somos e se o que ele acha que somos não vale a pena, ele acha que não vai dar certo. E, sem conhecer, a gente segue achando sem nunca encontrar. Não adianta falar para o mundo inteiro e esquecer de dizer a quem de fato precisa. Não adianta achar que o outro sabe do que você fala, você não pode oferecer charadas ou adivinhações ao invés de amor e confiança.

Você não tem coragem de dizer a alguém que está apaixonado, pois tem medo de assustar. Não tem problema, algum trecho de música, filme, seriado, novela, livro, poema ou frase de pára-choque de caminhão pode ser publicada na Internet e, pronto, sua paixão está declarada. A saudade aperta e tudo perde um pouco a graça sem alguém ao seu lado. Mas dizer que sente falta pode soar desesperado, imaturo ou humilhante. Então, poucos dizem e muitos compartilham alguma foto em preto e branco e… concluído, já disse ao mundo que está tudo cinza, cinza de saudade.  Você erra e para não pedir perdão usa um contato mantido sem qualquer razão como indireta para dizer “me desculpa?”. Você não tem a honestidade suficiente de dizer a alguém que não gostou do físico dela quando a conheceu pessoalmente ou que por qualquer outro motivo não está mais a fim. Ao invés de dizer claramente “não” você usa seu silêncio como indireta. Ou você inventa alguma desculpa, tudo para não assumir que é apenas covarde.

Eu sei, a gente usa indireta para ver se a vida endireita e por mágica fica como a gente quer, a gente usa desculpas para tentar não magoar alguém e ter depois que de fato se desculpar pela dor causada. Eu sei, mas não basta, não basta porque o outro precisa entender. Você pode duvidar, mas distância nem sempre é a indireta perfeita para dizer que não está mais a fim ou para expressar que você foi magoado, da mesma forma estar sempre presente e disposto não é a indireta certeira para afirmar que você ama alguém. Isso tudo é só ter medo e deixar de dizer, é fugir, escolher ter e oferecer dúvidas. E criar um novo problema nunca foi a melhor solução.

No amor, pode não haver tempo. Pode não haver tempo não porque você vai morrer amanhã, mas porque alguém que você ama pode acabar desistindo de viver hoje ao seu lado. Pode não ter mais perdão para suas desculpas, pode não ter mais como endireitar o que você perdeu por tanta indireta. Amor não pode ser algo que se passa somente dentro da sua cabeça e que somente você vai entender. Amor precisa sim ser dito, ser claro ao ponto de quase ser clichê. Eu disse quase.  Às vezes as pessoas não estão prontas para ouvir a verdade ou as verdades do que sentimos, mas ainda assim diga e, se preciso, grite.

Digite aqui o você de fato sente por mim, para abrir a porta e poder ficar.

Ruleandson do Carmo (que nome incrível), do blog Eu Só Queria Um Café



OBS:  Mas a verdade é que eu vi o texto lá no blog da Bruna Vieira.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ao fechar os olhos


Eu sonho...

Uma viagem pra um lugar distante, passando pelo trajeto mais lindo. Por entre as árvores, posso imaginar todas trilhas incríveis que poderia atravessar, e talvez atravesse na viagem de volta. O vento no rosto é inspirador. O rádio ligado tocando aquela música divertida, com harmonia nostálgica que traz aos olhos o brilho dos bons momentos. Lembro dos amigos e abro um sorriso, quase sem querer.
A paz de espírito faz aquela cosquinha gostosa no pé da barriga, enquanto se mistura à ansiedade de chegar ao  meu destino. E lá conhecer novos lugares, novos sorrisos, novas sensações.
E tirar fotos de todas as bobagens que tiver vontade.
E dançar ao som da música de um lugar legal.
E jogar sorrisos pelos cantos.
E ler, num lugar sossegado, aquele livro que só pode ser bem assimilado em situações assim.
E lembrar de quem eu amo, e provavelmente correr para procurar o telefone.

E depois voltar.
Com novo rosto e novo espírito.
E dar lugar a um novo sonho. :)

Eu sonho.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Última conversa.


Cala a boca, menina. Você tem sorte. Essa coisa de ter alguém junto é legal, eu sei. Não estou dizendo que não é, mas talvez você devesse aproveitar melhor sua agradável situação atual. Não é sua cara encher o saco com frescuras e quem sabe dá pra se aproveitar disso. Aproveita. Olha em volta e se encoraja com os elogios aleatórios que recebe (e que não são tão aleatórios assim). Eu só vou ter certeza, mas certeza mesmo, que você se tornou gente grande quando passar a aceitar os elogios que recebe. Já está na hora de parar com essa mania ridícula [¬¬']. Alias, já pensou em como é f**** sair por ai com quem quiser, sem precisar ligar e avisar pra sei lá quem onde vai, com quem vai e que horas volta? Isso me tira do sério. Me lembra de aproveitar melhor isso quando puder, do mesmo jeito que estou te lembrando de fazer isso agora. Olha pras pessoas. Existe mais de um cara no mundo. Melhor: esquece os caras! Você é linda, eles vão aparecer mais que o desejado. Esses viados ainda vão ter a cara de pau de tentar te iludir. Curta o máximo que puder da cara deles. Sério, homem não presta, falo por mim. E você é perfeita com essa carinha de besta que tem. Em caso de dúvida, fale comigo. Se não aparecer nenhum, melhor. Se tenho que casar com alguém, prefiro que seja com você. Eu gosto dela, mas prefiro você. Menos chata. Eu não estou sendo egoísta, estou deixando você escolher algum cara, não estou? Se você encalhar, eu te ajudo. Sou sensível sim, mas eu gosto mais de ser eu mesmo com você. Eu te amo, guria. E eu nunca disse isso nem pra ela.
Ótimo, vai tirar vantagem disso pro resto da vida. Idiota.

OBS: Frases tiradas da nossa última conversa no chat. Palavras delicadíssimas! KKKKKKKKKKK' Eu disse que ia querer me lembrar pro resto da vida. Ninguém entende nossas delicadezas, e isso importa muito pouco. Eu sinto puro amor em cada palavra. Te amo, inseto.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

É pra ouvir... Chega de Saudade (João Gilberto)





Vai minha tristeza, e diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade
A realidade é que sem ela não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim

...
Não quero mais esse negócio de você longe de mim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim


OBS: Essa semana eu estive sendo feliz ouvindo coisas absolutamente diferentes, é verdade. Mas hoje em especial essa música não me saiu da cabeça. E sejamos honestos: é uma das mais deliciosas dos tempos gloriosos do nosso esquecido, e ainda muito amado, MPB. (sim, sou cult)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Todas (por Galldino)



Todas as vezes, sem nenhuma exceção
Quando me banho no dilúvio asfixiante da inspiração
Nelas todas: crônica, poema, cantiga... é sempre você o meu mote, minha meiga intuição

E se não recitam teu nome, essas trovas sinceras, é por não se prestarem tolamente a busca das massas disformes, apelo banal e vulgar proposição.
Disto de ti tal gesto, certo de que estás no cimo da parte sublime da mais casta erudição

Já que cada letra é uma mímica inútil; cada sílaba uma máscara fútil; e cada palavra, reunida ou não em sentenças injustas ao mito que resulta do teu real, é um cacófato ante o veraz sentido, resigno-me ao meu amor silente nessa minha perpétua e fugaz adoração

Todas as vezes, sem nenhuma exceção...
Todas as vãs tentativas poéticas, desde os bardos aos concretistas, não passam da busca pela construção d'uma palavra, d'um oratório, d'uma oração que mimetize tua displicente expressão

Minhas palavras, se me sobra alguma, que nada são, convertem-se também nessa prece atemporal e em comunhão para meu amor, resumo do encanto e da paixão.

  Galldino  

domingo, 25 de novembro de 2012

Relatório do Manicômio Estadual



        Hum, curioso!     dizia o Analista     Mesmo em tantos anos de observação e acompanhamentos... acredite, conheci algumas centenas de pessoas, e todas elas contribuíam (involuntariamente, claro) para essa pesquisa. Meu principal objeto de estudo. A minha resposta particular para a questão sobre o mundo, o universo e tudo mais. 
       Cinco anos fazendo pseudo amizades, sorrindo e chorando por motivos alheios que nunca sequer me importaram. E não considere como extrema frieza, meu caro. Sou um pesquisador, cientista e minha busca pelo conhecimento vai além de razões banais. Nunca fiz mal a ninguém, e minhas mentiras não fizeram tender nenhuma das decisões. Só me fiz próximo, íntimo, e com adeus e algumas lágrimas me despedi, por qualquer motivo inegável. No fim restara somente as conclusões necessárias para a continuação do processo. As ilusões fúteis que forneci justificam sim o resultado fim, independente da lembrança de Maquiavel em meio ao enredo. E sequer sua opinião me importa. Apenas ouça.
         Essa interrogação em meio a tudo, essa propensão ao erro mesmo quando se está no caminho irremediavelmente correto, sempre me intrigou. Essa mania de cair em engano, de acreditar que é real aquilo que se deseja que seja; essa vontade de realizar magia, mesmo sem acreditar que ela exista; o desejo inconsciente por poderes que externamente se despreza. Consegue entender?! Quantas vezes ousou montar uma realidade que nunca existiu, e se forçou a viver, e a fazer tantos outros viverem, pelo simples motivo de acreditar ser assim mais fácil? E não me diga que não sabe o que é... todos sabemos.
          Será mesmo que a pior mentira é aquela em que nós mesmos acreditamos? É mesmo possível mentir para se mesmo? Existimos, é fato. Pensamos também. E quanto ao mais?! Realidade, seja qual for, existe?! Será que vivo eu a realidade de fato, ou vivo as vontades de quem me cerca? E será que é esse o real conceito de realidade? Quatro paredes coloridas e impostas por quem as construiu em volta?
          Não acredito na realidade única. Não acredito em realidades paralelas.
      Creio não só na liberdade, como também na abstenção dela. Abstenção silenciosa, da forma mais inaceitável não aparente, mas ainda assim abstenção. Porque a ignorância é uma dessas realidades impostas que só é aceita por quem não tem coragem de resistir. Ou talvez não seja falta de coragem... talvez seja simplesmente covardia.
        Cinco anos. E a conclusão a que cheguei foi absolutamente inesperada. Olho para você, meu caro, e vejo reafirmado o fato de que certas respostas simplesmente não existem. Tudo o que encontro são interrogações e mais interrogações, sobrepostas e emaranhadas. E que nunca me satisfazem. 
         Sendo assim, me rendo. Me rendo à realidade que quiser. A que me traga qualquer coisa mais próxima da paz da qual fugi durante todos esses anos. Porque talvez, só talvez, finalmente prefiro aceitar o que realmente sou... louco.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A lógica não tem nada de básica.




Não é exatamente nova a minha questão de viver pelo básico. 
Sem pensar em filosofias de vida, forma alternativa ou coisa assim.  
É tudo complicado demais e minha meta é 30 km mínimos de distancia de burocracias elementares.
Quero     e vou     ter o máximo de simplicidade possível. Essa boa e despreocupada, que sobrevive sorrindo e sem ligar pra algum adicional supérfluo. 
Talvez seja mania. Mas manias são complicadas demais.

E no meu básico habitual, via pouco espaço pra mais alguém. Sabe como é. Mais alguém é complicado.
Olhares em dobre, palavras em dobro, preocupações em dobro. Dobro é coisa demais.
Vivi tendo o que podia dos que queriam me oferecer algum carinho e fui feliz assim.
Descobri que ser feliz é mesmo simples... até conhecer você.

Chegou de mansinho, sem muito rebuliço, assim mesmo como devia ser. 
E ainda assim me bagunçou, e balançou, e reverteu, e acumulou, e entupiu, como se fosse muito simples fazer virar de ponta cabeça uma vida antes tão boa.
Mas é muito simples sim.

Porque, do nada, dentre todas as minhas necessidades básicas, passou a haver você.
E de repente já não podia me dar ao luxo de sentir saudades.
E percebi que toda minha simplicidade era ainda muito mais complexa, e prolixa, e disléxica, e paradoxa, e coberta por uma série de "x" que sequer conhecia.
Era complicada, porque o meu egoísmo cego não notava... que nada é simples sem você.






OBS: Um dos efeitos colaterais de ouvir Camelo é justamente esse - sua mente viaja em romantismos toscos e fofinhos. kkkkk' #muitoamor

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

João e Maria



Oi, Má

Minha mãe disse que não era pra eu ficar te chamando assim. Ela diz que quem ouve eu te chamando de Má pensa coisa errada de você. Mas eu não ligo não. Você sabe que sempre te chamei assim porque tinha preguiça de falar Maria. E também porque já tinham outras duas Marias na rua, a Maria Eduarda e a Maria Helena. E você não podia ser chamada como se fosse que nem elas porque você é muito diferente daquelas frescas. Não existe outra como você. A verdade é que ninguém mais te chama de Má, só eu, e isso é importante.
Desde que você foi embora as coisas ficaram chatas. Não tenho mais vontade de sair na rua pra jogar bola ou brincar de queimado no recreio. Ficam me perguntando o que eu tenho, ou se estou triste, mas eu não digo nada. Não é como se fosse tristeza, mas eu não sei o que é. Sabe quando você arranca o dente e fica estranhando aquele espaço todo na boca? E fica passando a língua pra ver se acostuma ou se o outro dente nasce logo?? É como se fosse isso. Mas é diferente porque você não vai voltar e eu nunca vou me acostumar e nem vai nascer outra igual a você porque eu já disse que não dá.
E me dá uma vontade de sair correndo, mas eu não saio. Que nem aquela vez que aquela aranha enorme atacou minha cabeça e você disse que era pra eu não me mexer porque se não ela podia se assustar e fazer um chamado de socorro para os Vogons. Isso nunca fez sentido porque os Vogons nem se parecem com aranhas e também não fazem essa coisa de dar socorro pra ninguém. De qualquer jeito isso que eu sinto também não tem sentido.
Mamãe disse que é saudade e por isso me deu esse papel pra escrever pra você. Eu não sei o que é saudade direto, mas ela disse que é isso. Eu  disse que não gosto e ela riu. Não é de você que eu não gosto, é da saudade. Eu gosto muito de você!! Pede pro seu pai pra voltar pra cá. Você pode ficar aqui em casa, se quiser. Se eu disser pra minha mãe que é por causa da saudade eu acho que ela deixa. Pensa nisso!
Os meninos da rua não estão como eu, mas gostam de você também. Eu gosto mais.

Então txs tds tcahu tchau! Tenta falar comigo também.


Assinado João Bobão

domingo, 18 de novembro de 2012

Desabafo Frustrante.


Tudo o que eu sei, tudo o que eu sempre soube, é que eles eram merecedores de todo e qualquer esforço da minha parte. Por serem tão incríveis e reconhecidos. Por serem mesmo especiais. Por serem os meus pais. E não é bajulação ou coisa do tipo... várias pessoas em vários lugares do país reconhecem e comprovam esse fato e, sendo assim, é lógica absolutamente comprovada. Tenho muito orgulho deles e me sinto honrada por tê-los assim tão maravilhosamente presentes em minha vida. E por isso, e muito mais, não posso medir esforços para corresponder ao que eles são. Não que me cobrem, ou exijam alguma coisa... mas é sinceramente o mínimo que posso fazer.
Não tenho nenhum talento especial. Não sou tão divertida, nem tão inteligente e nem tão esperta. Não sou boa com as palavras, nem com crianças e nunca tive muito jeito pra lidar com gente. Gosto de desenhar, e ainda assim por impulso próprio, sem um motivo especial. Não gosto de me arrumar, nem de sorrir o tempo todo. Não gosto de bajular ninguém, nem de me desmanchar em elogios. Gosto da calça folgada, dos livros e do meu all star. Gosto de "barulho" lento. Gosto de ficar sozinha. E só.
Mas isso não basta. Porque não se pode viver assim. Não quando tenho dois referenciais tão incríveis ao meu lado. As pessoas notam. Elas pensam "a filha deles deve ser realmente incrível!", e esperam que eu seja, me conhecendo bem ou não. Esperam um sorriso cheio, talentos desenvolvidos e comportamento aceitável. Esperam suporte, apoio e liderança. Que eu tome a frente, a culpa e a coragem. Que eu faça tudo o que as pessoas normalmente não conseguem fazer com perfeição, como sofrer calada e obedecer sem objeção. Esperam que eu defenda as boas causas e NUNCA cometa aqueles erros óbvios que elas próprias cometem. Afinal... não sou normal. Nem posso ser.

E eu...
Particularmente nunca esperei fazer tudo isso. Mas sou quieta, tenho preguiça de me defender e prefiro o silencio. Ao ficar passiva ao que eu própria quis, vi (sem querer) meus pais felizes por eu ter me tornado aparentemente perfeita. E então já não havia escolha... na falta do que ser, seria o que o outros esperavam, desde que isso os tornassem felizes ou, pelo menos, faciliasse o caminho deles.
Funcionou muito bem, confesso.
Do dia da consciência em diante, fui ponto positivo no resto da trajetória. Apesar de não ajudar muito no trabalho pesado, pelo menos era muito útil nas aparências. Cresci conformada com as minhas obrigações e me mantive assim durante bastante tempo... tempo suficiente para passar a desconhecer como é ser ou sentir ser eu mesma... esqueci como é pensar em mim, e somente em mim. 
Engraçado. As qualidades as quais disse que não tinha agora parecem muito características... qualquer um que me conheça a pouco tempo acredita que sou assim. E eu não sei se não sou. Me moldei às vontades alheias e já não sou capaz de pensar sozinha. Não sou capaz de enfrentar as consequências sozinha. Não sou capaz de viver por mim mesma.
Não é dependência. É simplesmente viver pelos outros muito mais que por mim mesma.
Minhas decisões, erradas ou não, podem e vão escandalizar todos os que me cercam e vão afetá-los muito mais que a mim. E alguém tem noção do que é isso?! Viver, pensar e agir, conforme o que os outros esperam, para fazer todos eles felizes, por que não importa a minha situação, eu devo ser feliz quando os outros também o são.
Parece generosidade... mas é tão frustrante!

E ainda assim... eu sei que vou continuar me rendendo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um sonho a 4 rodas.



       Cabelo solto. Óculos de sol absolutamente desnecessários com o clima ameno e de Sol apagado, perfeito. A umidade é sentida no perfume do orvalho que inunda o ar ao redor. Cheirinho de terra molhada. Vento bagunçando a roupa e reorganizando a mente. Sinto o balanço do carro em movimento e abro um sorriso.
               Esperei tanto tempo para estar aqui... e ainda assim, ao olhar a paisagem daqui do meu lugar de carona, parece que foi tudo muito rápido. E quase não me lembro de como era viver sem sentir tudo isso. O coração palpitava com a expectativa da chegada e, ainda assim, batia sem ansiedade. Cada minuto, cada quilometro, cada curva, sendo totalmente bem aproveitados.
         O som alto (a nossa banda predileta) refletia a  alegria. Como poderia imaginar que seria você quem estaria ao meu lado? Meu motorista, meu condutor, meu herói. O salvador ameno que me livrou das nuvens pesadas de carbono que me prendiam à cidade grande. E eu que poderia passar horas, dias, semanas, assim. Exatamente assim. Pés descalços. Mente solta. Liberdade nas mãos e nos olhos.

         E conforme o descolorir recolorido do céu a nossa frente, o nosso destino se revelava. E no entanto quase não mais importava. Tinha ganho asas.



Voaremos mais longe, meu amor.

 E pode ouvir?!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

É pra ouvir... Ciranda da Bailarina (Chico Buarque)




"Procurando bem, todo mundo tem..."

O que nem todo mundo tem é o talento de Chico Buarque, isso sim. 

E eu que às vezes me sinto uma bailarina. Porque, se não sou, me fazem... =/ 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Livros complicam a vida.



KKKKKKKKKKKKKKKKKKK' É VERDADE. 
A forma mais deliciosa de expandir horizontes e assim complicar ainda mais o que parecia inrecomplicável¹. 

Quero tirinhas do Calvin todos os dias... agora vai ter tag também! :)

¹inrecomplicável - do verbo "inrecomplicar", proveniente do verbo 'complicar'. Qualifica algo ou alguém que não pode se tornar mais complicado (difícil, complexo, confuso) do que já fatalmente é.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Outra história... [3]



“Onde você tá, seu idiota?!... Tá, você não é idiota. Só quando some justamente quando eu preciso tanto falar com você... eu vou pirar, Elton! É sério! Me liga, por favor!!”

                  Provavelmente aquela deveria ser a vigésima mensagem de voz que ele havia recebido nas últimas cinco horas. Não era uma situação típica. Eram amigos a alguns anos, mas Teresa tinha uma regra particular para telefones – eram usados somente em caso de necessidade extrema. E o tom de voz e o jogo de palavras deixavam bem claro o quanto estava desesperada. Mais que isso, precisava mesmo dele. Caso contrário não voltaria atrás depois de ter tentado ofendê-lo, como costumava fazer. Ele não podia evitar achar engraçada a forma como a conhecia bem, mas também não podia deixar de lamentar. Não queria ouvi-la. 



OBS: Elton e Tetê são meus nomes e personagens prediletos... eles aparecem de vez em quando. Gostei desse começo, mas não posso terminar o que quero escrever. Então fica aqui pra eu me lembrar de continuar depois, quando tiver outra cabeça (ou outro cérebro) no lugar da atual. :)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Clipe: Soulstripper - Não trocaria um sorvete de flocos por você.





OOWN! Como não amar?!
É claro que o nome da banda só me faz lembrar Jasley um amigo meu, mas se alguém resolvesse parar pra ouvir as músicas e ver os vídeos ia acabar achando muita coisa legal e, principalmente, engraçada.
Ai eu acabo curtindo, né... kkkkkkkkkkkk'

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Nota Explicativa: Acabou.



 Então cheguemos às conclusões um pouco antes do prazo, porque depois de tanto tempo preciso de alguns dias pra me habituar à ideia. 
Novembro chega e me trás toda essa agonia anual.
Não tenho problemas com idade e sou muito feliz com os meus 20 anos, mas ainda assim sou meio destrambelhada para reagir a esses momentos de atenção extrema. É engraçado receber "parabéns" por uma coisa pela qual não tenho mérito algum. Se nasci e consigo sobreviver até hoje, é única e simplesmente porque o Senhor permitiu que assim fosse. Então se a pessoa fica feliz por eu viver um pouco mais, deveria agradecer a Deus por isso, certo?! kkkkkkkk' Mas tudo bem. São condições sociais estabelecidas para uma boa convivência mútua, eu entendo. Entendo e vou continuar me esforçando ao máximo para curtir os cumprimentos... não sei reagir bem à elogios, já falei, mas tenho paixão por pessoas gentis. Então se vale o esforço de vir até mim só pra me dar os cumprimentos, ou realmente se esforça muito para ser (e quem sabe realmente é), ou simplesmente me ama. E as duas opções são válidas! 

Mas essa nem é a parte mais importante.
Nos dois (ou três) últimos anos, meus aniversários foram quase tudo, menos felizes. É, infelizmente os cumprimentos feitos na data estabelecida não funcionaram muito.
Passei muito tempo entorpecida pelos traumas que passei e, como sempre faço, me fechei num casulo fashion e fiz pose de legal. Sorridente, de cabelo arrumado, all star e "feliz" com a vida. Sempre foi mais cômodo, e sempre afastou interrogações alheias.
Mas quem me conhece, e principalmente quem sabe o que eu tive que encarar, sabe muito bem que lá no fundo     escondido naquela maldita gaveta com chave onde eu tranco essas coisas ridículas     eu ainda sofria. E os infelizes dias 30 de novembro eram justamente as datas em que eu me achava no direito de deixar de rir e ser eu mesma. 
Então peço perdão a todos aqueles que me ofereceram sorrisos achando que eu os retribuiria com prazer. Sei que, além de não o fazer, frustei qualquer expectativa de satisfação. Desculpe pelas caretas, pela falta de paciência e pelo desgosto. Mas é que não havia como externar uma festa que não existia dentro de mim... (ainda mais quando eu era pega de surpresa, sem ter tempo de preparar a máscara previamente).
Enfim, declaro o fim disso tudo.

Não das minhas reações ruins às surpresas. Eu ainda preciso aprender a lidar com isso, mas dessa vez vou ficar feliz pelo carinho dos que as prepararem (mas eu acho que pelo menos esse ano eu vou ficar sem... o pessoal deve estar traumatizado ainda kkkkkkkkkk). E os elogios, os parabéns e os "feliz aniversário" serão enfim bem vindos, apesar da minha cara de vergonha e da falta do que responder.
Já faz um tempo que abri mão daquele maldito rancor e, mesmo que dê umas pontinhas de vez em quando, eu quero começar essa idade nova tinindo, nos trinques!

Então faço essa declaração pra mim mesma.
As festas em mim já começaram e são, antes de tudo, muito sinceras.
E não interessa o que aconteceu, acontece ou pode vir a acontecer... não posso me achar no direito de esquecer tudo o que meu Deus fez por mim, e isso merece muito mais que grandes comemorações     merece meu respeito.





Cronômetro Zerado
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sábado, 3 de novembro de 2012

Lições Sonoras - Menina Não Vá Desanimar (Marcela Taís)



Ela é forte, sua graça é divina
Não é sorte, seu Pai lhe fez bendita
E ela brilha grande menina
Ela pode só não sabia

Se ela sofre, faz poesia
Pra que decote, se ela tem simpatia
Nem é nobre e Rei chama de filha
Ela vence por teimosia

Quem lhe deu toda essa ousadia
Quem desperta nela, tanta alegria
Não é o príncipe de cavalo manco,
Foi aquele rei do cavalo branco
Esse é o segredo dessa menina

Nem todos saberão te amar
Nem todos saberão te valorizar
Contudo você tem tudo
Vá e conquiste o seu mundo

Então menina não vá desanimar
Feche os olhos e você vai encontrar
A força que precisa para alcançar
O céu em você vai apostar
Se cair levante e caminha
Você é linda e tem companhia
Você é forte, só não sabia.

Não vá desanimar...

Quando elas decidem acreditar
Elas são fortes e sabem sonhar
Imperfeitas princesas cheias de realeza
Que em suas histórias escolheram lutar

OBS: Mas essa Marcela é toda fofa. Essa música então é a coisa mais tchuca da face da Terra! Até eu que não sou a pessoa mais sensível me rendi. kkkkk' Como disse Ênedy, música cristã sem "evangeliquês". Curti mesmo! (Valeu, Dinho!)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Post Flash - Velhas Sensações




Você chegou e eu senti, antes de tudo, a agonia daquele encontro.
Te encontrei e procurei reencontrar em você todas as velhas sensações... o sacolejo, o calor, o toque, o cheiro.
Cheguei mais perto. E então não havia mais oxigênio.
Perdi o ar, engoli o fôlego, me perdi num mar difuso... em você.
E todo movimento mexeu com os meus sentidos. Olhei para os lados e desfaleci.

Porque, apesar do que dizem,  nunca quis me desnortear ou cair sem me importar com nada.
Meu coração leviano precisa de abrigo, sossego, espaço. Paz.
Sentar num lugar vazio e escutar o barulho que faz lá fora... lá fora, porque por dentro eu tenho meu lugar.
E todas as velhas sensações se enquadram num mesmo quadro, paradoxo e completo.
Onde estou eu, mas não você.

E quando enfim, em liberdade, já sou capaz de me recompor, olho para trás e te vejo partir.
Sem restar sequer saudade. Sem desejar outro fim.

OBS: E essa é a história sobre como eu peguei  um ônibus lotado, num horário não habitual, desejando ter pego o outro        20 minutos mais tarde, muito mais folgado, rápido e com as manobras legais. kkkkkkkkkkk'


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Projeito pro futuro.



Só um conselho, futura eu (ou quem quer que esteja vendo kkk): aumenta o som, tá?! kkkk'



Ah, pra quem não entendeu, eu posso explicar... é só umas coisinhas que eu tive vontade de contar pra mim mesma. Pra Patrícia que vai estar daqui a alguns anos muito mais madura e tudo mais, e que vai achar graça de tudo isso. :)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O.O


Que me perdoem os bons aceitadores, mas eu não nego uma boa surpresa.
Apesar de reagir mal às adaptações feitas para as festas de aniversário (mais exatamente as que são feitas pra mim), sou completamente a favor do espanto diante das loucuras que a vida nos apresenta.
Porque, afinal, o que seria dela se já tivessemos visto tudo o que havia para ser visto ou se, de repente, resolvessemos aceitar qualquer fato como normal?! De que me adiantaria uma relativização de deixa tudo igual, tudo certo, tudo sólido, sem mais nada pra pensar, questionar ou dizer?!
 
Não...
Prefiro os suspiros rápidos e os olhos arregalados.
Prefiro descobrir as coisas que desconheço e através delas me construir. Me permitir pensar, chegar às benditas conclusões e me acrescentar um pouco mais.
Talvez seja mesmo o escândalo que provoque o processamento das informações e a formação de ideias. O confronto com o cômodo, o aguçamento dos sentidos e quem sabe até mesmo a necessidade de julgamento.
E através das novidades que eu mesma me julgue.
E que eu, quando enfim chegar o caso, possa olhar os dedos que me afrontam com o sorriso de quem prefere ver tudo pelo lado positivo.
 
É só o que eu acho.
Me deixa pensar.
 
 
 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Entre as reticências.

                     O mais provável é que aquele fosse o cenário perfeito. Olhar atento para a tela do computador, caneca cheia de café quente por perto, um clima deprimente do outro lado da janela, um documento em branco e um coração em chamas. Seus dedos formigavam. Os ouvidos zuniam. Nas veias pulsava a vontade     mais que isso, a necessidade     de enfim encontrar os tão viáveis meios de colocar pra fora aquela agonia. Assim como das outras vezes, pensaria em qualquer bobagem que fosse, qualquer ideia, qualquer sensação, e escreveria algum absurdo encaixando a verdade entre as entrelinhas. Devia ser mesmo um talento... ou era muito boa em deixar as coisas subentedidas ou tinha sérios problemas com expressão. Que fosse. Sempre fez bem e sempre recebeu elogios quanto a isso. Sim, era a melhor saída.
                     Mas depois de alguns minutos, por trás do barulho da televisão só havia o vazio. Alguma espécie de paralisia que congelava seus pensamentos e, mesmo que algum surgisse, não haviam os comandos para que fossem registrados. De repente não conseguia mais falar ou escrever. Parecia que a vista lhe estava sendo tomada aos poucos. E ainda assim a vontade de ser entendida, a ansia por uma conclusão... e ainda assim, um pouco mais de nada. Não ficou parada. Tratou de recapitular as intensões. Ouviu as melhores músicas. Releu os textos mais famosos. Entoou poesias, desafinou alguns cantos, rabiscou algumas palavras e então, nada. Mas não era um vazio comum. O que fazer com toda aquela angústia muda, retraída, que mesmo imóvel procurava meios de se libertar?! Ou melhor não fazer?
                     E com os olhos ainda imóveis, procurou no mesmo vazio para encontrar a resposta. Apurou os sentidos e sentiu mais de perto o que o peito alertava. Sentia... dor, primeiramente... e então a vontade... sentiu a impaciencia e a solidão. A voz inaudível que emitia tinha necessidade do outro, seja ele quem fosse. O outro que a visse e a entendesse, mesmo sem som e sem palavra. Um interpretador de sonhos e de canções não compostas. E com a resposta veio a paz. Voltou a sentir os próprios reflexos e suspirou.
                     Ao encarar novamente a tela, entendeu o pisca-pisca do cursor como um novo desafio. A menina voltou a escrever. E já não havia entrelinhas ou segredinhos escondidos pelos cantos. Seguindo a nova direção, lhe escreveu as palavras que sua própria voz lhe dizia. No fim das contas uma pequena estória se formou onde somente o único personagem existente a poderia enxergar com clareza. Você.

MUITA sorte.






OBS: Eu acho que vou criar uma tag exclusiva pro Calvin... me traduz demais.

domingo, 21 de outubro de 2012

Post Flash - Primeiro dia.

 

 
Que não se negue a importancia dos outros dias, dos momentos especiais e dos encantamentos vividos.
Mas ainda assim, não há nada que se compare ao primeiro.
Porque a partir dele todos os outros são consequencia.
Consequencia daquela primeira fala, daquele primeiro sorriso.
Talvez tenha sido aquela sua primeira piada que arrancou de mim muito mais que o "oi!" inicial.
Ou os ares inalados, que por se só já inspiravam intelectualidade e sabedoria.
 
Foi aquele, e só aquele dia.
Causado talvez pelas forças interestelares ou pelas coincidencias do nosso Criador, que seja.
O minuto em que nos vimos e verdadeiramente nos encontramos.
 
E é este o dia que eu louvo e celebro! Pois desde aquele momento já não sou mais quem era, mas componho contigo a soma do "eu+você".
E o resultado...
... talvez seja o próprio infinito.
 
Sejamos juntos, até o fim.
Fim que depende dos nossos próprios olhos e, principalmente dos nossos corações.
E mesmo não esperando que chegue, tendo ainda a convicção de que já valeu demais.
Que eu possa agradecer.
Que eu possa viver.
E que você possa sentir... um pouquinho que seja, do que eu sinto por você.
É grande demais. Você merece.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Muito melhor agora...

Agora imagina a união de duas coisas que eu tanto amo... e não tem como não se encantar com esse vídeo! :D

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

1 Corintios 1. 18-31



                  De fato, a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo; mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.[...] Deus tem mostrado que a sabedoria deste mundo é loucura. Pois Deus, na sua sabedoria, não deixou que os seres humanos o conhecessem por meio da sabedoria deles. Pelo contrário, resolveu salvar aqueles que crêem e fez isso por meio da mensagem que anunciamos, a qual é chamada de “louca”. [...] Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. Pois aquilo que parece ser a loucura de Deus é mais sábio do que a sabedoria humana, e aquilo que parece ser a fraqueza de Deus é mais forte do que a força humana. [...]
Para envergonhar os sábios, Deus escolheu aquilo que o mundo acha que é loucura; e, para envergonhar os poderosos, ele escolheu o que o mundo acha fraco. Para destruir o que o mundo pensa que é importante, Deus escolheu aquilo que o mundo despreza, acha humilde e diz que não tem valor. Isso quer dizer que ninguém pode ficar orgulhoso, pois sabe que está sendo visto por Deus. Porém Deus uniu vocês com Cristo Jesus e fez com que Cristo seja a nossa sabedoria.
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Minha Nárnia

 
 
Na verdade é esse o segredo. Um desses tão sigilosos, bem escondidos e ainda assim tão obvios, que, por milhões olhares despercebidos, se tornou de todos um dos mais importantes.
A partir dele a cabecinha sonhadora que não se limitava ao conhecido passou a ter acesso ao lugar onde encontrava paz. Talvez vários lugares num só. Ou talvez sequer fossem lugares.
Tive então consciencia dos portais que descobri.
esvendados em situações inusitadas     em alguns casos desesperadoras      e também,  na maioria das vezes, do nada.
E os descobrimentos ao acaso são sempre os melhores, é verdade.
Através deles a magia do destino se revela. Assim, quando nada diferente parece possível, surge a mais linda e inesperada oportunidade de se transpor também.
E através dos meus portais, tudo se transforma. A realidade brutal dá realidade ao mundo em que meus olhos reconhecem como meu.
Então o tempo para, a canção flui, o corpo vibra. Sensação de oxigênio de volta aos pulmões.
O coração se abre e revela a criança; a princesa; a palhaça; a guerreira; a ninfa; e o  meu eu.
Melhor... o meu novo eu. Porque somente esse novo coração pode ter parte com algo tão perfeito. Esse eu que transborda amor dos meus sentidos.
E assim eu sonho, sem sequer fechar os olhos. Porque os vejo. São reais.
 
Até que então, sabendo que não se vive nesse paralelo por tanto tempo, eu volto à realidade com novas convicções e com uma nova face.
Ao meu lado a esperança de que um dia já não será mais passageiro.
Hei de viver a plenitude constante, ao lado dos meus portais.
Que não se fecham, não se escondem e muito menos me abandonam.
 
E enquanto espero pelo dia (e que logo chega), sigo ao encontro mais uma vez.
Meus portais. Meus amigos. Meus amores. Meu Deus. Meu mundo.
E o que poderia ser não se compara ao que hoje é.
Através deles e de mim.

 

domingo, 14 de outubro de 2012

Menina de alguém.

 

Enquanto entrava sorridente na lanchonete, meus olhos refletiam a verdadeira face das suas expressões. Para os que não a conheciam tão bem, parecia ser uma dessas meninas maluquinhas, irreverentes, cheias de coragem e dispostas a tudo por uma boa risada. Era talvez agradável de se ver e a convivencia era sempre salpicada de piadas sem sentido que tornavam o nosso ar mais leve. Era uma mocinha bonita, e aquele sorriso que não lhe saia do rosto era seu melhor acessório. Mas depois de algum tempo, de muitas risadas espalhadas e muita amizade amadurecida, já tinha aprendido a contar os olhares e os disfarces. Ela sabia muito bem. Não me enganava mais.
E nem era tão difícil notar. Um pouco mais de atenção e seria fácil interpretar a forma despretenciosa como andava. Estava agitada, rindo um pouco mais que o necessário e ficando nervosa ao menor risco de ficar sozinha. Garota boba. Está com medo de pensar.
Quando me viu e sorriu de longe, pude ver todos os seus dentes e    pelos olhos    seu coração. Eu sempre a irritei dizendo que tinha olhos grandes demais, e tinha. Com ela passei a acreditar que os olhos são a janela da alma, e disso ela também sabia muito bem. Por isso o olhar nervoso, rápido, quase ríspido, que corria de qualquer correspondencia externa possível. Do jeito que estava se entregaria mais facilmente que o normal.
E de repente meu coração se afligira. O que perturbara minha menina?!
Percorri em pensamentos todos aqueles motivos que poderiam machuca-la, principalmente os improváveis. Porque além de alegre era muito teimosa. Tinha mania de se recusar a sofrer pelas causas habituais de todo ser humano. "Perda de tempo" dizia. Mas não era... Não se perde tempo com as experiencias que nos constroem e transformam. E elas eram inevitáveis. E ainda que se escondesse, elas um dia encontrariam o caminho atrapalhado do seu coração.
E ele era tão pequeno.
 
Enquanto dançava sozinha ao som da banda (ela tinha mesmo essa mania de querer ser maluca, é verdade), entendi que ainda não seria por agora. Minha menina teria que sofrer para aprender a lidar com a vida. E por mais que sorrisse, que negasse, que fingisse, que forçasse, enquanto pudesse, as lágrimas viriam (talvez incontroláveis).
 
Porque a vida se constroe em golpes, minha menina. E ser moldado dói.
Ninguém disse que seria fácil...
Mas ainda quero estar aqui. Adivinhando o que você não me conta e te prestando o socorro que você precisa, no silencio que você tanto preza.
Estou aqui.
 (cadê? =/) 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Evgenia. - por Pedrinho Fonseca

 
 
"Escreva, menina.


Professor, mas a que maneira de escrita o senhor professor refere-se, que narrativa, e, desculpe-me, algum tema de sua preferência?

 
Apenas escreva, menina.
Dimitri, confesso que sinto-me suja, senti-me imunda no primeiro instante. Ter a sua língua entre os meus lábios, passando por entre eles, lentamente, ao encontro de minha, aquilo deu-me um incômodo, não nego que gostei, mas. Mas havia criado uma barreira, você conhece a barreira: ouvia a frase “não posso fazer isso, não devo” durante a eternidade do seu – do nosso – beijo; portanto admito que começar a sentir em mim o calor do seu corpo aproximando-se deflagrou um arrepio, o que contrapõe-se a uma ideia rígida que possuía, que arrepios estão condicionados ao frio. Há o abismo entre nós, conhecido, Dimitri. Você está numa margem, estou na outra margem. Entre nós, um abismo negro onde consigo ler, ao olhar para o fundo, palavras como afaste-se, cuidado, não, proibido, finja, esconda. Sei que o abismo tem a espessura de um passo; isso, Dimitri, me desespera. Sei que basta dar um passo e as palavras ficam para trás, como pesadelos de ontem, e sobraria, à minha frente, você, uma ponte. Você, minha ponte inacabada, estique-se, dê-me as mãos, eu tenho medo, mas sei que posso, que devo, no fundo eu sei que devo, pois o abismo e suas palavras são ilusões de uma alma atormentada pelas culpas, verdades absolutas, meras convenções que nos contentamos ao longo dos anos; e vamos envelhecer um dia, Dimitri, e isso tudo, este abismo horroroso, será lembrado como um passo não dado, apenas; dê-me, venha, estenda-me as mãos, Dimitri, eu imaginei outro, mais outro, tantos outros beijos. A pele tem calafrios, está quente e tenho calafrios, mas não febre, o que eleva-me a uma possibilidade de querer. E querer é tudo aquilo que não quero, não posso, eu digo em voz alta “não quero” e não escuto eco no abismo, pois o abismo é falso, você é minha ponte, estique-se, só mais isso que o peço, estique-se, puxe-me, irei. Tenho vontades que jamais confessarei, não hoje, talvez amanhã; a coragem, quando igual ou maior que a vontade, faz-nos andar; acene para mim, despeça-se de mim, é tudo o que não preciso, Dimitri, mas faça por mim, talvez eu entenda, na dor, que não posso perder-me. Não posso perder-me. Minha madrasta. Ela casou com meu pai, ela atravessou um abismo, quem mais?, quem mais?, me dê um exemplo, Dimitri, a coragem nasce do exemplo do outro, que por ora revelou-se capaz; capaz de eu conseguir, dê-me uma das mãos apenas, já sinto ter a coragem, falta-me levantar a cabeça, trocar a visão do abismo pela do horizonte; ajude-me, Dimitri; minha negação do passo, um pedido de ajuda. Ajude-me, Dimitri. “Não posso fazer isso, não devo”, que tormento ouvir a minha própria voz falando-me mentiras, desfazendo-me do que verdadeiramente sou; que sentimento falível, este, a covardia. E justifico-me em outro pior, o heroísmo. Eu, heroína da vida de tantos, que hipocrisia. Faltava-me um cavalo, espada, escudo e um corte de cabelo menor, uma espécie de guardiã do desamor, que triste fim. E o beijo, lembro-me, como dizia antes, da sua língua lenta e áspera, lembro-me como se fora verdade, ainda que saiba que não. Que é coisa da minha mente, não nos beijamos; fui beijada em pensamento por você. Obrigada, Dimitri. Antes o abismo fosse largo, longo, mais escuro, intransponível: sim, intransponível – assim eu diria “não vou fazer isso, mas prefiro morrer – e vou”. Não. Não. Não, Dimitri, tenho em minhas mãos um livro que não era seu, mas que diz que “a verdadeira verdade é sempre inverossímil”, isto tudo que não acreditamos é o que temos, vamos; dê-me a sua mão.


Escreves como quem ama, menina."

Pedrinho Fonseca (Texto extraído do site "Loja de Histórias")
 
 
OBS: O site foi realmente um achado! A "Loja de Histórias" na verdade não é exatamente um loja... talvez um brechó (kkkk' ou não). A idéia do autor (o Pedrinho) é a seguinte: as pessoas lhe enviam fotos tiradas em qualquer lugar, qualquer situação e então ele faz uma história (ou também música, verso, conto, poema) baseado no que a imagem transmitiu pra ele. Detalhe de que ele não aceita informação nenhuma sobre a foto enviada. Esse texto foi um dos que mais curti no site!
 
É uma daquelas ideias simples que a gente curte e fica se lamentando de não ter imaginado antes, sabe?! 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Post Flash - Raros meus

 
 
 
É aquele livrinho que me ensinou muita coisa nessa vida...
Mas tem uma coisa que se aprende, é que, não importa quantos clássicos tenham sido lidos, quantas páginas revistas ou quantos autores tenham sido conhecidos - as palavras que os livros trazem só ganham sentido quando sua vida se apropria delas.
Elas tem poder, evidentemente. Mas enquanto sua vida corre, elas podem se revelar de volta.
 
Acho que foi assim dessa vez.
 



" Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida, um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa." O Pequeno Príncipe - Diálogo com a raposa

Sempre pensei em como existem mesmo pessoas incríveis no mundo (insisto em acreditar que são maioria). E sempre pensei em como seria incrível conhecê-las.
Entenda-se. Durante muito tempo não tive essa chance.
Mas o tempo passou e elas vieram até mim... não todas as pessoas do mundo, mas de todas as mais incríveis.
E não é exagero meu.
Porque o amor que foi despontando, crescendo e amadurecendo as fez com que fossem únicas!
E não há equação que possa traduzir tal resultado.
São meus... meu coração os transformou. Mesmo não sendo perfeitos, e talvez até parecendo como tantos outros para os de fora, ainda assim são raros, espetaculares!

Se vocês pudessem se ver com os meus olhos...
Eu sei que é amor. Obrigada.

OBS: É bem provável que eu faça postagens inspiradas em "O Pequeno Príncipe" até o fim da minha vida. #SantoExupery

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Bruta Flor, Maria [2]

               Menininha da cabeça dura e da perna bamba, era Maria que passeava no quintal de frente pra janela. "Quintal de verdade é esse" dizia a Dinda todo o fim de tarde, quando inventava uma visita pra comer mais um pedacinho do bolo de fubá que D. Luzia fazia. Mamãe de Maria era mestra em fazer duas medidas de açúcar e farinha virarem comida de comer ajoelhado.
               Não havia conceito de pobreza que traduzisse a cena que se via. Apesar da comida pouca e da dispensa vazia, todo mundo era rico no coração e na fantasia. O trabalho no roçado trazia uns bons trocados, e nem precisava gastar comprando ovo ou leite, porque os bichinhos da casa já os serviam com primazia. E no fim das contas era divertido comer hoje sem saber o que teria pro outro dia. Apesar de mamãe não acreditar no que ouvia, papai sempre abria um sorriso e todo encolhido dizia "está lançado o desafio, Maria!". Quem acertasse ganhava dois pedaços de rapadura fresquinha e um bucadinho de farinha extra      prêmio melhor não havia!
               A casa era pequenininha, coberta de taipa e recheada de aconchego. Também não havia necessidade de muito. Durmiam nela só mamãe, papai e Maria. Mas a uns tempos atrás ainda vivia o Manuca,  o bebê mais novo e com as bochechas da cor de terra queimada. Era uma belezura! Tinha os olhinhos mais doces que a menina já vira. Mas Manuca ficou doente, teve de ir pra Capital. Mas Capital é lugar grande demais, muito complicado. O pequeno Manuel se já não era grande, praticamente sumira no meio de tanto "fuzuê" de hospital lotado. Mamãe não fala muito no assunto, por causa do cisco que vive rondando o olho dela, mas Maria sabe que Manuca acabou sendo enterrado no quintal por conta disso.
               De manhã cedinho, quando o sol fingia que dormia, acordava todo mundo - inclusive Maria - e partia com a vizinhança pro roçado grande. Era povo trabalhador, do braço forte, com o almoço debaixo do braço e enxada na mão. Maria ia de graça, porque sozinha em casa não podia ficar. Mas ela gostava do furdunço e da agonia, e vivia animada em querer ajudar. Ainda assim só no querer ficava. Suas mãozinhas pequenas e bracinhos finos eram de muita pouca valia. Para pegar no batente e preparar a terra ela não servia. Muito menos espalhar o adubo, quando ficava mais esterco na roupa do que no chão do roçado, o que a mamãe enlouquecia. Espalhar as sementes ou distribuir as mudas seria uma boa saída... se não fosse justamente a habilidade de papai, o famoso dedo verde do roçado. Talvez fosse herdado por Maria, mas até quando fosse necessário realmente não saberia.
               Mas se havia uma coisa a qual a menina sabia, era arrancar erva daninha bixada. Apesar da pouca forma, tinha pegado o jeito. Um estralinho pra cá, três voltinhas de levinho, e arrancava toda a raiz sem deixar na terra um só pedacinho! E era serviço importante, esse de Maria. Afinal plantar e regar não tinha importancia se a plantação tão bem cuidada fosse cercada das ervinhas inimigas. E aquilo fazia um bem danado. Se conseguisse  tirar todas as malditas no campo do dia, ganhava leite fresquinho da esposa do patrão. E leite melhor que aquele não havia! Leite que ela ganhava com o esforço dos bracinhos descabrunhados, mas cheios de alegria.
              [...]

OBS: Outro que eu não terminei. -.-' Na moral, preciso dar um jeito nisso!