quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Post Flash - A bela e a fera.


Acho que fui eu mesma que já disse uma vez que a beleza “está no coração de quem sente”
O tempo passou, e eu continuo acreditando nisso.

Entender é fácil pra mim: basta me olhar no espelho.
Porque passada a fase “coisinha fofa da mamãe” o reflexo pode causar efeitos que vão da admiração ao espanto e até mesmo à indiferença. Lembro de crescer sem me importar muito com o fato de não ser a garota mais bonita da turma, apesar de me sentir sozinha às vezes (porque o patinho feio sempre tem que andar sozinho?).

Na igreja sempre fui a “nora perfeita”, mas isso tinha muito pouco a ver com a minha beleza (ou a falta dela). Ser uma adolescente comportada e educada causa uma impressão e tanto, já que nessa idade qualidades como essas são cada vez mais raras. E meus pais me ajudavam bastante nesse quesito de chamar a atenção dos outros, é verdade. Até mesmo quando tudo o que eu queria era não chamar a atenção de ninguém.

Cresci mais um pouco e fui para faculdade. A novidade? Lá, aparentemente, eu tinha recebido o status de “gatinha”. Meu pai se tornou o “sogrão” dos rapazes da turma, e eu fui obrigada a ouvir piadinhas em forma de cantadas de vez em quando. Apesar de na minha cabeça as coisas continuarem as mesmas, a quantidade de elogios se tornou mais irritante do que agradável. Pra mim, o espelho ainda não revelava nada demais.
E demorou muito até que acontecesse. 

Me arrumar, vestir uma roupa bonita, pentear direito os cabelos e usar maquiagem foram ações que ganharam significados diferentes ao longo do tempo, mas nunca fiz nada para que enfim reparassem em mim. Não adiantaria, assim como nunca adiantou, chamar a atenção dos outros em relação à minha “beleza” se eu não desse o mínimo crédito a ela. Talvez por isso sempre me senti mais lisonjeada ao receber elogios que se referissem à minha inteligência, educação ou qualquer outra coisa que não pudesse ser reparada somente à primeira vista. Não que eu me conformasse em pensar assim. Houve mesmo o tempo em que tudo o que eu queria era ser diferente dos demais, especial em algum aspecto.
Mas o tempo passa e a gente cansa de tentar ser outra coisa além de si mesmo.

Foi quando descobri o quanto me sinto bem (e bonita) em situações especiais... para ser mais específica, diante de pessoas especiais. É involuntário, mas muito evidente. 
Dependendo dos olhos de quem me vê, não me permito ter motivos para me maquiar ou esconder os meus defeitos, literal e figuradamente. 

Eu realmente gosto disso.