segunda-feira, 23 de setembro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Post Flash - A bela e a fera.
Acho que fui eu mesma que já disse uma vez que a beleza “está
no coração de quem sente”.
O tempo passou, e eu continuo acreditando nisso.
Entender é fácil pra mim: basta me olhar no espelho.
Porque passada a fase “coisinha fofa da mamãe” o reflexo
pode causar efeitos que vão da admiração ao espanto e até mesmo à indiferença.
Lembro de crescer sem me importar muito com o fato de não ser a garota mais
bonita da turma, apesar de me sentir sozinha às vezes (porque o patinho feio
sempre tem que andar sozinho?).
Na igreja sempre fui a “nora perfeita”, mas isso tinha muito
pouco a ver com a minha beleza (ou a falta dela). Ser uma adolescente
comportada e educada causa uma impressão e tanto, já que nessa idade qualidades
como essas são cada vez mais raras. E meus pais me ajudavam bastante nesse
quesito de chamar a atenção dos outros, é verdade. Até mesmo quando tudo o que
eu queria era não chamar a atenção de ninguém.
Cresci mais um pouco e fui para faculdade. A novidade? Lá,
aparentemente, eu tinha recebido o status de “gatinha”. Meu pai se tornou o “sogrão”
dos rapazes da turma, e eu fui obrigada a ouvir piadinhas em forma de cantadas
de vez em quando. Apesar de na minha cabeça as coisas continuarem as mesmas, a
quantidade de elogios se tornou mais irritante do que agradável. Pra mim, o
espelho ainda não revelava nada demais.
E demorou muito até que acontecesse.
Me arrumar, vestir uma roupa bonita, pentear direito os
cabelos e usar maquiagem foram ações que ganharam significados diferentes ao
longo do tempo, mas nunca fiz nada para que enfim reparassem em mim. Não
adiantaria, assim como nunca adiantou, chamar a atenção dos outros em relação à
minha “beleza” se eu não desse o mínimo crédito a ela. Talvez por isso sempre
me senti mais lisonjeada ao receber elogios que se referissem à minha inteligência,
educação ou qualquer outra coisa que não pudesse ser reparada somente à
primeira vista. Não que eu me conformasse em pensar assim. Houve mesmo o tempo em que tudo o que eu queria era ser diferente dos demais, especial em algum aspecto.
Mas o tempo passa e a gente cansa de tentar ser outra coisa além de si mesmo.
Foi quando descobri o quanto me sinto bem (e bonita) em situações especiais... para ser mais específica, diante de pessoas especiais. É involuntário, mas muito evidente.
Dependendo dos olhos de quem me vê, não me permito ter motivos para me maquiar ou esconder os meus defeitos, literal e figuradamente.
Eu realmente gosto disso.
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