segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"a luz que a ilumina" - por Nicole Antunes



Corria,
ofegante.
Assoprava a fagulha da borracha,
moldava as letras
arrancando a si mesma.
Aquieta-te, menina,
e sente as dores do teu parto,
o filho é teu e pede calma
a tua alma de menina.

Não te escondas,
Não mais finja,
Chegou o tempo de permitir
o teu sentir.
Sente as dores do teu parto,
e escute o ranger da porta
chegou a sua parte torta, que grita:
- Admita que este teu lado também exista!

O teu peso é teu medo
A tua pedra no caminho.
Teu passado, teu fardo,
A consequência é o teu resguardo,
Mas a alma suplica
O relógio implica
A pressa não espera
e tudo ratifica:
Viva, menina,
Olhe a cima
E ai esta a luz que a ilumina.

                                    Nicole Antunes



OBS: ela é top, linda, diva, premiada (premiada mesmo, esta poesia foi publicada e exposta no FLICA 2013), e eu fiquei fã. kk' A poesia me justifica. (Valeu, Ênedy!)

sábado, 12 de outubro de 2013

Eu criança.



Hoje fui para a casa de tia Maria. Gosto do bolo de cenoura com chocolate que ela faz, e do ovo frito. Hoje no almoço ela não fez ovo frito, mas eu queria. Não fiz nada, só falei isso do meu jeito. Mas a mamãe achou feio e brigou comigo. Depois que comi tudo ela me olhou com aquela cara que eu não gosto e falou pra eu sair da mesa. Fui brincar de computador no quarto do tio e fechei a porta. A porta tinha uma chave grande, bonita, ai eu virei algumas vezes para ver como era, depois fui aperta os botões do computador, coisa que o tio nunca me deixava fazer porque achava que eu ia quebrar tudo.
Passou um tempinho e a mamãe veio atrás de mim, bateu na porta, fez barulho e depois parou. Passou um tempinho mais curto, e eu comecei a ouvir a voz dela  me chamando, mas não dava pra entender direito. Eu tentei abrir a porta, mas não deu. Então ouvi a voz dela do outro lado. É que da janela grande do quarto dava pra ver a outra janela grande que ficava na sala do apartamento. Tia Maria morava numa casa que ficava em cima de outras casas, bem no alto. E mamãe apareceu chorando na outra janela. Depois papai, tia Maria e Tio Carlos também apareceram. Eu quis ir pra perto deles, mas a porta não abria, então eu percebi que era só pular para a outra janela. Era um pouquinho longe, tinha um buraco no meio, mas eu acho que dava. Que nem o coelho fazia no desenho. 
Falei isso para a mamãe, mas ela chorou mais. Papai disse que não, e ela repetiu. Voltaram a bater na porta e eu fiquei confusa... era só pular e pronto! Eu costumava pular na escolinha pra pegar o lanche do coleguinha quando ele tentava pegar de volta. Mamãe ficou conversando comigo para tentar me distrair, eu acho. Estava começando a ficar chato, até que veio a melhor parte. 
Começou a vir da rua um barulho alto, de polícia e de repente vários homens com uma roupa engraçada apareceram lá embaixo e na janela da sala. Mamãe ficou conversando com eles alguma coisa q eu não entendi. Ai eles armaram uma coisa bem grande, parecia uma vara gigante e  foram empurrando da janela da sala até bater na janela do quarto. Depois colocaram umas cordas e o homem grande veio por ela e chegou no quarto do computador, falou comigo rapidinho e abriu a porta. Eu não sei como ele conseguiu, porque eu tentei várias vezes e não consegui abrir. Mamãe veio correndo e me abraçou, chorando, chorando, chorando, que nem eu choro quando o papai me dá uma surra se eu quebro algum vaso da sala.

Foi um dia legal, mas seria mais divertido se eu tivesse pulado.

*Baseado em fatos reais... eu devia ter uns dois anos.