domingo, 29 de agosto de 2010

Lembranças e Conclusões de P. - III

           [...] Mas a música acabou, dando lugar para uma música lenta e estranha (os cantores deviam estar com dor de garganta quando resolveram gravá-la). Com um suspiro de chateação virou-se em direção a saída. Mas parou de repente, assustada. Não tinha se dado conta de que não estava sozinha. Deu de cara com uma menina baixinha de cabelos castanhos que parecia tão decepcionada quanto ela com o fim da música. “Nossa... pensei que alguém tivesse trazido o cd dessa banda pra cá. Pena que é apenas a rádio... já ia procurar o dono e pedir uma cópia!” disse a garota rindo de um jeito simpático diretamente para Poly.
           Por um momento várias coisas passaram por sua cabeça. Logo de primeira achou bonitinho e quase estranho o jeito como a garota era sorridente. Lembrava-se dela. Durante as brincadeiras na piscina todos queriam que fizesse parte da sua equipe. Parecia ser bem popular, e não era a toa, a menina parecia mesmo muito carismática. Mas como era estranho alguém que parecia tão popular está ali no salão vazio escutando aquele tipo de  música que só Poly naquele acampamento parecia gostar. Só então parou para observar como ela era. Baixinha de fato, mas com cabelos curtos muito bonitos. Usava um par de óculos que escondiam seus olhinhos apertadinhos e realçava o seu nariz tão redondinho. E estava sempre sorrindo. Poly riu ao perceber como a garota era fofa (tinha vontade de lhe apertar as bochechas).
          Quando enfim voltou á conversa percebeu que a menina ainda lhe olhava como se esperando alguma resposta. Pensou em dizer “Eu tenho todos os cd’s deles em casa!”, mas lhe veio em mente quantas vezes se decepcionara com a ideia pré estabelecida de que qualquer pessoa simpática daquele jeito seria com certeza uma grande amiga em potencial. E é claro que dessa vez não seria diferente, a menina já tinha vários amigos... pra que iria querer uma esquisitona como ela entre eles?
         “É, bem legal mesmo” foi o que respondeu. Desanimador, até demais. Ela própria não gostaria de receber uma resposta dessas. Mas a menina pareceu não sentir desanimo algum.
          - E você dança bem! Devia dançar assim na festa de amanhã!
          - Oh, não, absolutamente não.
          - E porque?! Acredite, um dia você pode acabar se arrependendo de não ter dançado em festas desse tipo. Até porque você dança muito bem, já disse!
          Poly não resistiu e começou a rir, cobrindo o sorriso com as mãos, envergonhada. Era tudo o que a garota queria. A partir daquele momento conversaram e conversaram a noite toda. Sobre música, igreja, livros, filmes... todos os assuntos que Poly mais gostava e entendia. Ao enfim deitar na sua cama, já sabia que a menina baixinha na verdade se chamava Sofia, que cantava muito bem, e que soltava piadinhas a cada 5 frases. De fato, não tinha como alguém não gostar dela. Mas o que ela mais gostou em toda conversa foi saber que Sofia nunca encontrara alguém que gostasse das mesmas coisas que as duas gostavam. Estranho, já que ela conhecia tanta gente... mas também não conseguia lembrar de alguém naquele lugar que gostasse. [...]

2 comentários:

Ênedy disse...

ei.. quem será que Sofia me lembra?? kkkkkkkkk
A historinha ta muito legal!! õ//

Patrícia Rodrigues disse...

kkkkkkkkk' QUEM?