quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Um segundo.


            Seria impossível um contato real. Estávamos em ônibus diferentes e a brechinha da janela não mostrava muita coisa além do suficiente. Mas, felizmente, aconteceu.
            Foi tudo muito rápido. Não é tão incomum assim cruzar olhares com outras pessoas por ai, mas ao vê-lo alguma coisa me fez continuar olhando. Ele era alto, tinha o cabelo bagunçado, mochila nas costas e fone no ouvido. Bonito sim, mas aparentemente tímido. Talvez por isso me surpreendi ao perceber que ainda retribuía o meu olhar. Mais do que isso, percebi que ele também me analisava.
            Comecei a achar a situação engraçada e sorri rapidamente. Em resposta ele tirou o fone e fez aquela expressão clássica, se perguntando claramente "de onde será que ela me conhece?". Nesse ponto até eu mesma já me perguntava se não o tinha visto antes. O jeito encabulado com que passava a mão no cabelo, tão pensativo, me divertia. Teria conversado com ele se pudesse. Mas então o barulho dos motores do ônibus mostrou o sinal de partida. 
            Tentei demonstrar um gesto de despedida e ele sorriu de canto, demonstrando o mesmo. Enquanto nos afastávamos continuamos nos olhando
            E desde então não nos vimos mais.

            Ainda me lembro dele. E fico pensando se chegou a procurar por mim entre seus contatos, na ilusão de que já tenhamos nos conhecido.
            Não, ele não vai me encontrar. 
            Mas vai lembrar como, mesmo sem dizer nenhuma palavra, ficamos amigos.

*Esse texto não tem necessariamente nenhuma relação com a realidade.

Um comentário:

enedyfernandes disse...

"*Esse texto não tem necessariamente nenhuma relação com a realidade."

Ela faz questão de dizer isso.. Eu já tava ensaiando o "HuMMMMMMMM"! kkkkkkkkkk

E eu já tinha me esquecido que você é muito boa escritora!! =D

(pq fica aparecendo que eu exclui o 1º comentário? que falta de higiene!)