quarta-feira, 6 de março de 2013

Inconsciente Coletivo.


Não estamos falando sobre minha dificuldade em lembrar de certos detalhes, como "onde foi parar minha chave?" ou "qual o trabalho da semana que vem?!".
Também não estamos falando sobre os pensamentos de Freud (que aquela música de Los Hermanos me faz lembrar) sobre o trabalho do inconsciente em fazer você esquecer aquilo que você na verdade não quer recordar... ou talvez seja.

Vivemos e vemos, praticamente todos os dias, acontecimentos que mexem conosco, enternecem o nosso coração. Nos abalam, nos colocam em profunda reflexão sobre as questões da vida, o universo e tudo mais, mas passados os primeiros instantes, o hábito vem e apaga. Como coisa escrita na areia que se desfaz devagarinho enquanto a maré sobre.

Centenas de jovens morrem num acidente horrível. Paramos para chorar e pensar em como a vida é passageira. Dois meses depois... onde foi mesmo que tudo aconteceu?
Milhares de pessoas são mortas numa guerra sem sentido. Meu Deus, porquê tantas guerras?! O objetivo final quase nunca interessa a quem dá a vida em nome dele. Não há como concordar com isso. Anos depois... de qual guerra você está falando?
Uma jovem se suicidou aqui perto de casa. Ela era tão linda, feliz! E o motivo me pareceu tão banal. Mas eu sequer a conhecia, então...

Não estamos falando sobre mim ou sobre você. Estamos falando da maldita mania de fazer com fatos marcantes, que poderiam - e deveriam - mudar o rumo das nossas histórias, sejam levados na correnteza do tempo da mesma forma que qualquer outro acontecimento banal. 
Talvez sob essa ótica Heráclito não esteja tão certo... o tempo passa, mas nós (e o "rio") não mudamos.
Existe sempre alguma coisa latente, nata, que nos matem exatamente da forma forma que éramos a séculos atrás. A sociedade muda, a modernidade aflora, assola, reformula, mas no fundo continuamos os mesmos.
E todos os fatores que poderiam quebrar esse ciclo são simplesmente anulados, como se viver por egoísmo fosse qualidade necessária para o instinto de sobrevivencia. 
Olhe para trás, reveja a história. 
Seja lá quem lutou para reformular o sistema, sempre foi amordaçado, violado, até que sua voz fosse completamente abafada. Tudo isso pela elite opressora?! Sim, com certeza. Mas principalmente pela massa que enxerga na mesmice a melhor opção. Em que situação é preciso estar para que a mediocridade seja vista como um porto seguro feliz?

E justamente isso não muda.
É estranho, não é?!

É preferível a falta de esperança, a falta de fé, a crença no nada em vez de um direcionamento a algo que se transfigure em puro e infindável amor. Amor... é conto da carochinha. E qualquer coisa que remeta a ele também é.



Desculpa, mas eu tenho medo. E desse medo eu não consigo esquecer.


Um comentário:

enediii disse...

é bem por ai..


Em Eclesiastes 1, dos versos 4 a 11 vemos o Pregador (pra mim foi Salomão U.U kkk) falando que não existe nada de novo na terra.

"tudo está a se repetir, nada é novo por aqui.." (8)

:)