quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Crônicas de Nárnia


 Ok, ok.. nem eu entendo. Mas existem mesmo algumas coisas da infancia que nos marcam. Pra mim? Livros! Uma das coisas principais... Poliana Menina e Moça seriam ótimos candidatos ao lugar principal, até que apareceram 7 livros que me encantaram: As Crônicas de Nárnia, escritas por C.S.Lewis (gênio!).
Principalmente pelos temas cristãos que ele consegue abordar nos livros de uma forma sutil, mas ainda assim bem clara. Eu lia os livros e tirava lições, aplicações... e apesar das críticas sobre o assunto, os livros fazem um bem enorme a quem os lê de forma correta. Acho que foi o meu caso. Mas posso explicar como funciona (eu e o Wikipédia).

Aconselho ler esses resumos antes da leitura dos livros. Eu sei, descobrir partes da história assim pode parecer chato (spoiler, Ênedy), mas só sabendo disso você vai poder ler os livros com outros olhos... sabendo o que lá no fundo eles querem dizer...

 + O Leão, a feiticeira e o guarda-roupa
Uma carta do autor dos livros revela a evidência clara e contundente da mensagem que Lewis quis passar através de As Crônicas de Nárnia. Esta carta, escrita em 1961, foi enviada por C.S. Lewis a um menino na qual lhe fala sobre suas histórias, e indica que Lewis quis representar Jesus Cristo de forma figurada com o leão Aslam. Nela, Lewis afirma que "toda a história de Nárnia se refere a Cristo".
Nessa mesma carta, Lewis diz: "Suponhamos que existisse um mundo como Nárnia, e suponhamos que Cristo quisesse ir a esse mundo e salvá-lo (como fez conosco). O que aconteceria então?". O mesmo Lewis responde a esta pergunta dizendo: "Pois as crônicas são minha resposta. Como Nárnia é um mundo de animais que falam, pensei em encarná-lo como um animal que fala. Dei-lhe a forma de leão porque se supõe que o leão é o rei dos animais; e também Jesus é chamado 'O Leão de Judá' na Bíblia". O conteúdo desta carta foi publicado em um livro que contém as cartas de C.S. Lewis.
A história foi inspirada em temas cristãos, tomando-os emprestados para serem ilustrados juntamente com algumas ideias do próprio C.S. Lewis. A história de O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa claramente aborda os temas do sacrifício de Cristo para remissão, e a sua ressurreição sob a figura do sacrifício de Aslam na Mesa de Pedra em troca da vida de Edmundo.
Mais paralelos podem ser identificados como a Trindade tendo Aslam como Filho, dado que além do sacrifício é citado o fato de que ele é filho do Imperador-de-Além-Mar, que este seria o Pai. Há ainda alusões a eventos do sacrifício de Cristo no sacrifício de Aslam, como a sua humilhação antes da morte, e as cortinas do templo rasgadas após a morte na forma da Mesa de Pedra sendo partida de um lado a outro.
Pode ser feita uma comparação no papel das crianças com o dos discípulos de Jesus colocando Edmundo como Judas Iscariotes (o traidor), e o rei Pedro como o próprio Apóstolo Pedro. As duas meninas também são as primeiras a ver Aslam ressurrecto assim como na narrativa bíblica.

+ O Príncipe Caspian
Um dos temas abordados neste livro é a apostasia na forma dos telmarinos conquistadores que tentam eliminar os narnianos originais e seus costumes, além de viverem sob o medo do mar pois é dele que Aslam aparece. Outro tema abordado é a fé em um Deus que é invisível, pois as crianças (exceto Lúcia) inicialmente não conseguem ver Aslam quando ele faz a sua primeira aparição, mas conseguem vê-lo depois quando acreditam que Lúcia o está vendo.
Outro dos temas centrais do livro diz respeito à fé e às atitudes dos narnianos, principalmente do Príncipe Caspian, o qual, não crendo/dependendo do auxílio de Aslam (que no livro aparece como um mito, como muitos entendem o Deus cristão hoje), busca libertar Nárnia por suas próprias mãos. Falhando sempre, só vence quando reconhece sua incapacidade de fazê-lo, e quando admite a sua necessidade de Aslam, já que é por ele e a serviço dele que devem lutar (e não por Nárnia).

+ A viagem do Peregrino da Alvorada (filme em dezembro!!)
Apesar da história deste livro estar menos envolvida pela temática cristã, ela se destaca por conter uma referência muito direta sobre o propósito das Crônicas de Nárnia.
Uma das referências cristãs é a transformação no caráter de Eustáquio, que depois de ser transformado em dragão, acaba por se arrepender do comportamento que teve desde que tinha chegado a Nárnia. Esta transformação é selada num cerimonial de batismo em que Aslam pede que Eustáquio deixe a pele de dragão para trás, representando o nascimento de uma nova criatura. (essa parte do livro é linda!)
Também fica claro que isso é algo possível apenas com a ajuda de Deus, e impossível apenas com a força humana, sendo explicitado quando Eustáquio tenta se livrar da pele de dragão sem sucesso, conseguindo-o apenas quando o próprio Aslam usa suas unhas para arrancar a pele dele. Por final ocorre o batismo que como o próprio Eustáqio relata: "A princípio ardeu muito, mas em seguida foi uma delícia", relatando a dor de deixar as coisas do mundo, mas se alegrando com a nova vida.
As outras referências estão no final do livro, quando Edmundo, Eustáquio e Lúcia atingem o fim do mundo e são recebidos por Aslam que assumiu a forma de um Cordeiro, uma forma bíblica de se referir a Jesus. Em seguida, ao revelar para Edmundo e Lúcia que não poderiam mais voltar para Nárnia por estarem crescendo, Aslam revela também estar em nosso mundo. Então completa:
"Estou, mas tenho outro nome. Vocês têm que aprender a conhecer-me por esse nome. Foi por isso que os levei à Nárnia, para que, conhecendo-me um pouco, venham a conhecer-me melhor."
Esta frase explicita de forma muito direta o propósito com que C. S. Lewis está colocando a temática cristã dentro das Crônicas de Nárnia.
Alguns cristãos tomam a liberdade de estabelecer um paralelo entre a história de Eustáquio com a história de Paulo de Tarso, narrada na Bíblia nos Atos dos Apóstolos. Tal comparação se baseia na mudança que Paulo passou de perseguidor descrente, para líder e pregador.


+ A Cadeira de Prata
(OBS: não aparecem os personagens habituais... só Eustáquio, do livro anterior. Foram para lá ele e sua amiga Jill. Entender mesmo, só lendo! :D )
Esse livro guarda uma semelhança com a parábola do semeador, contada por Jesus no Novo Testamento da Bíblia. Jill encontra Aslam logo na sua chegada em Nárnia, e ele a faz guardar para si alguns objetivos a serem cumpridos durante sua jornada, os quais ela acaba por não cumprir por esquecimento, com exceção do último.
Fato semelhante acontece na vida dos cristãos, que guardam para si vários objetivos a cumprir justamente por serem cristãos; mas por estarem sufocados pela vida diária, acabam por descumprir ou esquecer vários deles.
Nesta crônica ainda podemos perceber como a Feiticeira Verde cega e domina o príncipe, tal como Satanás faz o mesmo com as pessoas, ao colocar cargos de poder e de luxo para cegar o coração dos homens.

+ O Cavalo e seu Menino
(OBS: Apesar de ser o quinto livro, ele foge da ordem de leitura. Isso porque CSL não escreveu os livros na ordem cronológica da história. Como eu já disse... só lendo pra entender!)
A história deste livro lembra sutilmente a história bíblica de Moisés. Tanto Shasta (o menino do cavalo) quanto Moisés foram encontrados na água e criados por pessoas que não foram seus pais, trazendo grande libertação aos seus compatriotas quando cresceram: Moisés aos hebreus, e Shasta aos arquelandeses.
Também é deixada a mensagem de que Deus está nos acompanhando continuamente, o que fica evidente quando Aslam aparece para Shasta dizendo que ele o estava acompanhando quando andava na beira do abismo, ou quando ele foi parar na praia da Calormânia quando era ainda bebê.

+ O Sobrinho do Mago
(OBS: Esse sim é o primeiro livro na ordem de leitura, apesar de ter sido o sexto a ser escrito. Fala sobre o nascimento de Narnia!)
São claros os paralelos traçados entre o livro bíblico de Gênesis, pois temas como a criação, o pecado original, a fruta proibida e a tentação, ficam claros no enredo da história. Como ocorre nos outros livros de 'As Crônicas de Nárnia, estes temas são apresentados de maneira que possam ser facilmente entendidos, possibilitando que crianças que já conheçam a história da criação não tenham dificuldades em acompanhar a história.
Não há referências ao "Imperador de Além Mar", que é o pai de Aslam, como ocorre nos outros livros da série, sendo uma alegoria para Deus, pois quem cria o mundo de Nárnia é o próprio Aslam, encarado como alegoria para Jesus, filho de Deus. De certa forma isso não cria contradição, pois se encaixa bem com a visão do Novo Testamento na qual Jesus é agente da criação, e também é o próprio Deus encarnado e tornado homem (Santíssima Trindade).

+ A Última Batalha
(OBS: Esse sim, foi o último e é também o último na ordem de leitura... o nome deve deixar isso claro.)
A Última Batalha aparece para finalizar o conjunto de paralelos bíblicos presentes em toda a série. Do mesmo modo que O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa está relacionado ao Evangelho, e O Sobrinho do Mago com a Criação, este livro está relacionado com o Apocalipse, mostrando a destruição de Nárnia e a revelação da Verdadeira Nárnia, onde todos passariam a eternidade.
Há inclusive um paralelo entre o Anticristo e o velho macaco. Na Bíblia, o Anticristo é também chamado de falso profeta, papel que o velho macaco assume ao se dizer suposto porta-voz de Aslam, usando o inocente amigo burro para isso.
Também são tratados outros temas, como o julgamento, a morte, a salvação e a eternidade. Todos os habitantes de Nárnia são julgados e apenas aqueles que são considerados justos e virtuosos ganham o direito de ir para a Verdadeira Nárnia através da porta aberta no ar por Aslam.
No livro também se percebe indicações àqueles que deixam de acreditar em Deus para dar atenção aos prazeres (Suzana). E no juizo final também é perdoado aquele que, mesmo vivendo uma vida em "pecado", se arrepende verdadeiramente e tem a chance da vida eterna na Verdadeira Nárnia (Emeth).


Nem dá pra saber tanto da história pelo que eu passei ai em cima... mas quando ler, quando entender do que eu falei, você vai perceber tudo o que CSL quis dizer quando resolveu escrever aquilo. É lindo!


(e TENHO que ler tudo denovo urgentemente...)

Um comentário:

Ênedy disse...

*-------* Eu NECESSITO ler!!! Amei, AMEI!!! Poxa, é uma alternativa de estar evangelizando os amigos dando esse tipo de livro pra eles, com alegorias relacinadas ao Evangelho, e facilita que nós expliquemos para eles..
C.S. Lewis GÊNIO msm (creio que ele era canhoto...kkkkk)!!

PS: Até que os spoilers não foram tão gritantes...rsrsrs