Cinco anos fazendo pseudo amizades, sorrindo e chorando por motivos alheios que nunca sequer me importaram. E não considere como extrema frieza, meu caro. Sou um pesquisador, cientista e minha busca pelo conhecimento vai além de razões banais. Nunca fiz mal a ninguém, e minhas mentiras não fizeram tender nenhuma das decisões. Só me fiz próximo, íntimo, e com adeus e algumas lágrimas me despedi, por qualquer motivo inegável. No fim restara somente as conclusões necessárias para a continuação do processo. As ilusões fúteis que forneci justificam sim o resultado fim, independente da lembrança de Maquiavel em meio ao enredo. E sequer sua opinião me importa. Apenas ouça.
Essa interrogação em meio a tudo, essa propensão ao erro mesmo quando se está no caminho irremediavelmente correto, sempre me intrigou. Essa mania de cair em engano, de acreditar que é real aquilo que se deseja que seja; essa vontade de realizar magia, mesmo sem acreditar que ela exista; o desejo inconsciente por poderes que externamente se despreza. Consegue entender?! Quantas vezes ousou montar uma realidade que nunca existiu, e se forçou a viver, e a fazer tantos outros viverem, pelo simples motivo de acreditar ser assim mais fácil? E não me diga que não sabe o que é... todos sabemos.
Será mesmo que a pior mentira é aquela em que nós mesmos acreditamos? É mesmo possível mentir para se mesmo? Existimos, é fato. Pensamos também. E quanto ao mais?! Realidade, seja qual for, existe?! Será que vivo eu a realidade de fato, ou vivo as vontades de quem me cerca? E será que é esse o real conceito de realidade? Quatro paredes coloridas e impostas por quem as construiu em volta?
Não acredito na realidade única. Não acredito em realidades paralelas.
Creio não só na liberdade, como também na abstenção dela. Abstenção silenciosa, da forma mais inaceitável não aparente, mas ainda assim abstenção. Porque a ignorância é uma dessas realidades impostas que só é aceita por quem não tem coragem de resistir. Ou talvez não seja falta de coragem... talvez seja simplesmente covardia.
Cinco anos. E a conclusão a que cheguei foi absolutamente inesperada. Olho para você, meu caro, e vejo reafirmado o fato de que certas respostas simplesmente não existem. Tudo o que encontro são interrogações e mais interrogações, sobrepostas e emaranhadas. E que nunca me satisfazem.
Sendo assim, me rendo. Me rendo à realidade que quiser. A que me traga qualquer coisa mais próxima da paz da qual fugi durante todos esses anos. Porque talvez, só talvez, finalmente prefiro aceitar o que realmente sou... louco.
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